quarta-feira, 28 de maio de 2014

Mulheres Falam, Homens Punhetam - As 5 Reais Motivações da Masturbação Masculina

Por Frederico Mattos, psicólogo

Lembro de uma moça que atendi no consultório que me procurou horrorizada por ter pego seu marido (dois anos de casados) se masturbando na frente do computador:

“Já não basta quantas vezes você me come e ainda vai bater punheta para pornô com peituda americana? P#ta que pariu!”- disse a ele.

Sua inconformação era justa do ponto de vista dela e acredito, de muitas mulheres por se acharem traídas ao descobrir que seus parceiros no começo, no meio ou no término de um relacionamento afetivo continuam se masturbando.

É como se houvesse um senso de exclusividade até do imaginário masculino – além de companheiras elas querem povoar todas as fantasias dos seus homens.

Para esclarecer a ela e outras mulheres indignadas, vou tentar explicar qual é o fascínio masculino pela punheta (em decorrência o filme pornô), suas diferentes motivações quando estão dentro ou fora de um relacionamento amoroso:

1. Tédio

Quando vocês estão entediadas fazem as unhas, o cabelo, assistem TV, falam sem parar, lêem romances, fazem compras e reclamam. Os homens trabalham, jogam video-game e fazem sexo.

Mas sexo real pode dar muito trabalho num dia de preguiça, então ele vai se entreter com masturbação. Ele tem uma aparente sensação de prazer, ativa núcleos de dopamina do cérebro e pode seguir o dia com uma sensação menos apática.

Ele prefere não envolver a parceira nisso, as vezes nem é viável, e se fosse para muitas mulheres seria estranho que o parceiro dissesse “ei, estou entediado, vamos meter?”

É a melhor solução? Não. Ele poderia agir diferente? Sim. Como? Criando uma vida significativa para si que o realimentasse sem que precisasse de escapismos. No entanto, a realidade é diferente do que gostaríamos.

2. Descarga de tensão

Sabe aquele dia que você está morrendo de vontade de comer um prato delicioso, tem todos os ingredientes em casa, mas está um frio de rachar o cérebro para levantar e cozinhar. O que fazer? Come uma pizza requentada de ontem, rápida, fácil e mata a fome.

Muitas vezes a masturbação é isso, pura descarga de tensão, nada demais, apenas um recurso (literalmente) a mão para aliviar algum sentimento ou sensação corporal incômoda. Como os homens têm um certo bloqueio ou falta de acesso ao que se passa em sua mente, por pura falta de incentivo e treino, é comum não saberem canalizar alguma angústia ou tristeza de forma verbal. Mulheres falam, homens punhetam.

Nesse caso é essencial que o cara aprenda a identificar o que o perturba para que a masturbação não se torne uma muleta emocional sem fim. Até para poder distinguir a diferença entre ejaculação e orgasmo, pois nessas horas ele procura orgasmo e o que vem é um subproduto ejaculatório na masturbação

3. Traição imaginária

Muitos homens canalizam seu desejo por transar indiscriminadamente com outras mulheres por meio da masturbação. Ele vê a gostosa da academia, não quer pular a cerca, depois encontra a colega de trabalho sensacional, não quer chifrar a namorada, passa na banca e dá de cara com uma revista pornô e sabe que aquilo é falso, esbarra numa deliciosa loira andando na rua e contorna seus instintos. Ele reúne no seu baú imaginário fotos mentais de peitos, bundas, coxas e bocetas para mais tarde. Em momento apropriado, tira da manga todas as imagens para se estimular sexualmente com um Franknstein erótico só para deixar passar por si a sensação, ainda que imaginária, de tocar e penetrar alguma daquelas beldades.

Para as ciumentas de plantão eu explico – ele não ama, quer casar ou se relacionar efetivamente com nenhuma delas, apenas tem uma epifania instintiva que não o faça perder o sentimento de caçador. Inibir isso no homem seria até contraproducente em muitos casos, quase uma castração psicológica pois aprisionaria os mesmos desejos dele que em outro momento o ajudarão no sexo com a própria parceira.

Justo? Não sei, mas é o que acontece. Não precisam sentir ciúme.

4. Autoafirmação 

O sentimento de autoestima do homem tem reguladores muito frágeis pelo fato da maioria deles serem externos. O status profissional, grana, aparência, currículo sexual, força física e dominância social podem escapar de suas mãos a qualquer momento.

Portanto, ele pode se sentir abalado por muitas forças que não controla e sua vulnerabilidade vai sendo testada a todos os momentos. Sua oscilação emocional acrescida da pressão externa pode ser abalada por uma palavra mal colocada, uma ameaça de demissão, uma dívida imprevista ou uma parceira chiliquenta. Ele quer fingir, mas não é de ferro.

Se o seu sentimento de “fodão sem limites” cria uma rachadura, o sexo é uma forma dele se restabelecer. Mas se falta a ele uma cumplicidade (ou imagina que falta) no relacionamento, ele acaba usando a masturbação como meio de levantar sua espada para o alto e seguir cambaleante em sua guerra mental.

Diante das putarias do filme pornô com mulheres altamente sedentas de sua pica de ouro imaginária, ainda que por alguns instantes, o seu reinado emocional fica de pé. Ele não precisa convidar para jantar, colocar música de fundo e nem criar clima, é pura meteção mental autocentrada. Sem convite e sem despedida, tudo no ritmo dele. Ali ele se sente o Deus do sexo inquestionável e projeta para si o homem indestrutível que gostaria de ser na realidade.

Se isso vira um hábito mental, cria-se uma deficiência psicológica que o impede de encarar de frente o monstro real. Mas na ausência de recursos mais sofisticados, a boa e redentora punheta o ajuda na tarefa complexa de seguir em frente.

5. Medo de intimidade

Talvez seja esse o fator mais perturbador para a maioria dos homens, afinal, o grande temor desconhecido da maioria é a perda da liberdade, ou em termos psicológicos, o senso de identidade pessoal.

Como os homens são treinados desde cedo a se sentirem heróis invencíveis, é natural que qualquer possibilidade de ameaça à estabilidade do seu ego seja perigosa. O desejo das mulheres se tornarem uma só alma com os homens é vista como uma invasão máxima a sua privacidade egóica. É sentida como cortar suas bolas.

Portanto, a intimidade emocional que a mulher tanto deseja é um convite ousado à exposição de todas as vulnerabilidades emocionais que ele tenta esconde por uma vida inteira. A masturbação é uma das muitas estratégias que o homem usa (ao lado do álcool, dos esportes, do trabalho) para evitar a diluição da pele psicológica que ele habita. No seu onanismo rotineiro, os medos e ansiedades de uma transa real (que a maior parte dos homens nega) não o perturbam.

Muitos homens ao lerem esse texto vão até estranhar as múltiplas possibilidades de motivações de sua sua punhetinha santa de cada dia. É até natural, afinal, essas como muitas coisas que se passam nos bastidores de sua mente seriam fruto de análises profundas que muitos nunca se permitem fazer.

Para as mulheres que não entenderam eu as lembro da gula que muitas sentem por doces, mesmo já tendo, almoçado, jantado e tomado café-da-manhã. Prazer imediato, rápido, barato e sem esforços. Imagine ser condenada por isso…É claro que não é regra: muitas mulheres também preferem masturbação à um KitKat nessas horas.

O que eu disse para aquela jovem esposa ao longo da terapia?

“Não se ocupe em roubar de seu marido os minutos de intimidade que ele elegeu para si, mas ocupe-se em apoiá-lo cada dia mais em ser um homem mais maduro sem repreendê-lo como uma mãe severa. Certamente é última coisa que ele vai precisar num momento que se sente muito exposto. Em ocasião oportuna, se sua curiosidade for insuportável, puxe o assunto de um jeito leve e convide ele para fazer o que estava fantasiando com você mesma.” Ele vai adorar.

Fonte: Casal Sem Vergonha

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